O que nos move? Cinco (ou mais) motivos para lutar por cidades caminháveis
02/07/2018 | por cidadeativa
Estão no ar as palestras da 1ª edição do TEDx Campinas!
Gabriela Callejas, diretora da Cidade Ativa e campineira, foi convidada a falar sobre as experiências pessoais e profissionais que a levaram a trabalhar por cidades mais caminháveis. Dentro do eixo “cidades”, a equipe do TEDxCampinas quis trazer ao público a ideia (que merece ser espalhada!) de que cidades que priorizam a mobilidade a pé são também mais inclusivas, saudáveis, eficientes, reduzem a dependência do uso de carros (e valorizam os outros meios de transporte), além de fortalecer o sentimento de cidadania.
Em sua palestra, Gabriela escolheu mostrar através de sua trajetória os motivos que ela, como urbanista e cidadã, encontrou para lutar por cidades mais caminháveis. Ela acredita que qualquer pessoa pode encontrar suas próprias motivações e incorporar esse hábito em seu dia-a-dia, seja no seu deslocamento diário, seja em sua prática profissional.
A seguir, divulgamos o roteiro da fala de 18 minutos que orientou sua palestra, que aconteceu no dia 17 de março de 2018, no Teatro Mendes, em Campinas, para um público de mais de 200 pessoas:
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Esses são os pezinhos da minha filha, Laura. Ela fez um ano agora em fevereiro, e está dando seus primeiros passinhos.
Esses primeiros passos são muito emocionantes. Claro, são sinônimo de que a criança desenvolveu algumas habilidades motoras, de que é saudável. Mas, sobretudo, é uma grande conquista, acho que a primeira da nossa vida, o primeiro marco da nossa história: esses primeiros passinhos significam que ela está adquirindo maior autonomia, independência. Significam que agora ela é livre para ir e vir. Mas vocês Já pararam para pensar que nós vamos perdendo essa liberdade de caminhar ao longo da nossa vida?
Acredito que nossos hábitos são moldados pelo ambiente em que vivemos. Muitos pesquisadores, inclusive, já têm falado: o “código postal”, querendo dizer as qualidades do local em que vivemos, tem tanta ou quase mais influência na nossa saúde do que o “nosso código genético”.
E se olhamos para as cidades que estamos construindo a nossa volta, fica claro que não estamos incentivando pessoas a andarem.
“Mas vocês Já pararam para pensar que nós vamos perdendo essa liberdade de caminhar ao longo da nossa vida?”
Eu mesma cresci em uma cidade na qual eu pouco caminhei. É que realmente essa não era uma opção. A minha experiência de cidade era muito limitada. Eu tive a sorte (muitos diriam que nem tão sorte assim) de crescer em um condomínio fechado. A sorte foi que eu cresci brincando na rua. Naquela época não se podia brincar na rua em qualquer lugar, e hoje as coisas estão ainda piores.
Fui uma criança feliz.
Mas, claro, nossa felicidade é um pouco moldada pelo que vemos e reconhecemos, pelo mundo ao que temos acesso. E hoje, tendo conhecido um pouquinho mais do “mundão” que existe lá fora, reconheço que vivi em uma bolha. Apesar de ter vivido 18 anos nessa cidade, eu pouco a conheço. Em nome da “segurança”, eu vivi num lugar totalmente desconectado de outras partes da cidade, eu não podia ir a pé, ou pegar um ônibus para ir à escola; eu não conseguia ir sozinha para o centro, não podia ir comprar um pão na padaria, ir à banca de jornal (algo que fazíamos muito quando éramos pequenos); não encontrava os amigos no parque, na rua: era no shopping que estava o lazer, que estava a paquera. No auge da minha adolescência, aquela urgência de ser livre, independente, comprava brigas com os pais que tinham que me levar e buscar de festas e idas ao cinema com o namorado.
Eu nasci e cresci em Campinas. E, no momento em que saí daqui, já tinha esquecido que podia caminhar. Eu tinha esquecido do significado, e da potência, do caminhar.
Felizmente, algumas coisas que vi e lugares em que vivi nos últimos 15 anos me fizeram relembrar a sua importância. São as razões que me fizeram, como pessoa, escolher caminhar mais no dia-a-dia e, como profissional, a acreditar que as cidades no futuro têm que ser mais caminháveis.
Sou arquiteta urbanista e acordo todos os dias para lutar por cidades mais caminháveis – ou seja, onde a infraestrutura para o andar a pé é conectada, segura, acessível, confortável e atraente para os pedestres.
Queria compartilhar esses cinco motivos que me levam a acreditar em cidades caminháveis aqui hoje com vocês.
O que nos move?
Cinco (ou mais) motivos para lutar por cidades caminháveis.
Acho que tudo começou quando fui para Barcelona, como estudante de intercâmbio pela FAUUSP. Logo que cheguei lá conheci uma pessoa muito especial. Hoje ele é meu marido. Todo dia depois que ele saia do trabalho, nos encontrávamos, e ele me mostrava lugares de Barcelona. E assim passamos todas as tardes daquele verão, caminhando.
Muitas pessoas dizem isso, que quando vão à Europa usam transporte público, pedalam, caminham. É que essas viagens nos fazem perceber que estávamos na “bolha”, que existem outras maneiras de se viver. Comigo foi igual, de repente percebi que existia uma Barcelona que eu só podia conhecer a pé. Que existia uma Barcelona que eu estava construindo, uma cidade da qual eu me apropriei. Uma Barcelona que era minha, com lugares que eu gostava. E eu não teria conseguido fazer isso se não estivesse andando o tempo todo. Existem coisas que nós só conseguimos fazer quando estamos a pé.
E percebi que gostava de caminhar, que me fazia bem.
A pé, nessa velocidade reduzida, percebemos o mundo de outra maneira. Percebemos os nuances do desenho da cidade. Podemos parar para apreciar uma vitrine, ou para cumprimentar um amigo, um conhecido. A pé não precisamos nos preocupar para encontrar vaga de estacionamento, e temos um trajeto que é mais flexível do que qualquer outro meio de transporte – podemos entrar por vielas, dar ré, mudar o sentido do trajeto. Podemos parar para descansar, sentar em uma praça, explorar algum edifício que não havíamos visto antes.
Lá, também fiz uma disciplina que se chamava “ Caminar Barcelona”. No final desse projeto, plotamos um mapa de barcelona na frente do Colégio de Arquitetos e chamamos quem passava por ali a marcar os trajetos que faziam. Lembro que fiquei impressionada com o quanto que as pessoas conheciam a cidade, inclusive crianças. Acredito que isso tem muito a ver com o andar a pé – só assim conseguimos ter o tempo necessário para entender a cidade e construir esse “mapa mental” dela em cada um de nós.
Então descobri que eu conhecia mais Barcelona do que minha própria cidade, Campinas.
Em Barcelona descobri que caminhar me fazia bem, bem porque me sentia parte daquele lugar. Esse sentimento de pertencimento – que ao meu ver é a chave para a cidadania – só pode ser construído a partir do momento em que de fato usamos os espaços públicos da cidade, quando interagimos com outras pessoas, com aquele que é diferente da gente. Era isso que faltava quando eu vivia em Campinas.
“Esse sentimento de pertencimento – que ao meu ver é a chave para a cidadania – só pode ser construído a partir do momento em que de fato usamos os espaços públicos da cidade, quando interagimos com outras pessoas.”
Depois de minha experiência em Barcelona, percebi que trabalhar com esse tema me fazia muito feliz. E resolvi me especializar em desenho urbano. Por isso, logo que me formei fui fazer um mestrado na Columbia University e assim que terminei o curso tive a oportunidade de trabalhar no Departamento de Planejamento Urbano da cidade de Nova Iorque. Era 2011, e acabavam de lançar um manual chamado “Active Design: Shaping the Sidewalk Experience”, que consagra diretrizes para planejar e construir cidades mais ativas, mais saudáveis. O documento foi resultado de um esforço de diversas cidades americanas, que estavam procurando atacar um problema de saúde público. A nível nacional, já haviam percebido que haviam muitas mortes e muito investimento público ligados ao tratamento de doenças cardiovasculares, diabetes, cânceres, entre outras. Entre outras coisas, perceberam que o que havia em comum entre essas doenças era o fato de que sedentarismo e obesidade são fatores de risco e estão intimamente ligados ao nosso estilo de vida (ainda que em alguns casos sejam também influenciados por fatores genéticos).
O Active Design é um movimento, portanto, que quer influenciar que cidadãos tenham hábitos mais ativos, mais saudáveis, que pratiquem atividade física no dia-a-dia e que possam ter acesso a uma alimentação mais saudável. O manual traz diversas diretrizes de planejamento que propiciem essas escolhas nas cidades. Além de garantir acesso a parques, ou incentivar investimento na rede cicloviária, por exemplo, fala-se muito sobre o caminhar como uma forma de incorporar atividade física no nosso ir e vir. Foi então que percebi que falar de mobilidade a pé era falar de saúde também. Entendi o caminhar como a forma mais essencial de prática de atividade física no dia-a-dia. Além disso, caminhar não gera mortes ou lesões no trânsito, não emite poluentes. São muitos os problemas de saúde que podem ser prevenidos ou tratados com a prática regular do caminhar.
“A cidade é nossa melhor academia.”
Chegou o momento de voltar ao Brasil. Junto com alguns colegas, ajudei a fundar a organização Cidade Ativa para tratar de alguns dos temas que eu havia conhecido nos Estados Unidos.
E nos aprofundamos no tema da mobilidade a pé, temos uma iniciativa que se chama “Safáris Urbanos”, onde explorarmos o território da calçada. E aí ficou evidente que a nossa infraestrutura para caminhar é muito mais precária do que aquela em Nova Iorque ou Barcelona.
E mais: analisando os dados, percebemos que hoje, no Brasil, ao contrário do que acontece em outros países, caminhar é a falta de opção. Caminha-se mais exatamente onde as condições são mais precárias. Olhando para a demografia de quem caminha como forma de deslocamento, por exemplo nos dados da pesquisa Origem e Destino de São Paulo, os pedestres estão nas periferias, nos bairros de baixa renda. É a falta de dinheiro para ter um outro meio de transporte, para pagar a passagem de ônibus. Ou é a falta da linha de ônibus perto de casa. E, talvez por isso, achamos que o tempo daquele que caminha vale menos do que o tempo daquele que está dentro de algum veículo. É uma pessoa que não tem nada a perder, que pode se submeter a uma calçada esburacada – ou a falta dela, a ter que esperar mais tempo para atravessar a rua, que tem que arcar com as consequências da falta de iluminação, de sinalização, que tem que submeter a todos os perigos que o andar oferece hoje. Por isso, aqueles que têm que andar a pé trocam, assim que podem, o caminhar por outro modo de deslocamento.
“Sim, caminhar é uma forma de transporte. E todos somos pedestres em algum momento do dia.”
Caminhar como ato de resistência: Apesar da condição da infra, mais de 30% dos deslocamentos diários da população brasileira é feito exclusivamente a pé. Quando somados a esses todos os deslocamentos feitos por transporte público, já que necessariamente eles começam ou terminam com o caminhar (afinal, como dizem meus colegas, “a pé e busão é igual a arroz com feijão”), essa porcentagem chega a mais de 60% dos deslocamentos. Mais de 60% dos deslocamentos no Brasil é feito, pelo menos em parte, a pé. Porque não é essa a distribuição de espaço e de investimentos que vemos em nossas cidades? Priorizar pedestres em projetos e políticas é priorizar a maioria das pessoas, garantir o acesso à cidade – acessibilidade em um sentido mais amplo.
Para nós, que temos “opção”, não me estranha que a escolha pelo caminhar não seja aquela que desejamos fazer, ou que fazemos com prazer. Mas temos que lembrar: em algum momento do dia, em algum dia da semana, somos todos pedestres.
Por isso, quando investimos em mobilidade a pé, estamos beneficiando a maior parte da população. Essa é outra grande razão de porque acredito que andaremos mais no futuro – os investimentos públicos têm que ser orientados para o bem coletivo, para a maioria das pessoas, e não para as minorias.
E mais: O caminhar está em toda parte e é feito por todas as pessoas, independente de suas habilidades (e se precisam, por exemplo, de algum dispositivo para caminhar) ou do propósito do deslocamento. Quando consideramos a acessibilidade como um requisito essencial do planejamento da mobilidade, estamos garantindo que pessoas com deficiência, mulheres, crianças, idosos e outras pessoas com mobilidade reduzida, tenham acesso à cidade. É importante levar em conta que todos nós, em algum momento de nossas vidas exigimos que os espaços públicos atendam a nossas necessidades específicas. Por isso, a rede de mobilidade a pé deve ser sempre planejada considerando cada pedestre, respeitando suas limitações e priorizando sempre os mais vulneráveis.
“Quando investimos em mobilidade a pé estamos beneficiando a maior parte da população.”
Mas, então, podemos imaginar que arrumamos todas as calçadas, melhoramos a sinalização, deixamos toda a infraestrutura acessível… Alguém aqui andaria a pé ao longo da Rodovia D. Pedro? Para chegar a algum dos shoppings?
Por que eu podia caminhar facilmente, de um lugar a outro, em Barcelona, ou NYC, e isso é tão mais difícil em Campinas ou em São Paulo? Porque o planejamento da rede de mobilidade a pé começa no planejamento da cidade. E aí que está o problema: Estamos construindo cidades cada vez mais espalhadas. Esse é o modelo moderno de planejar cidades: As diversas atividades, as residências, os locais de trabalho, os serviços como escolas, hospitais, creches, os parques, a padaria, a farmácia, os usos do dia-a-dia, estão segregados. As distâncias fazem com que as infraestruturas – de transporte, de energia, de água, esgoto – sejam ineficientes, o investimento é muito grande, para servir uma área tão grande de cidade. Para garantir que as pessoas possam ir e vir, construímos então quilometros e quilometros de vias, conectando todos esses lugares. Não conseguimos oferecer transporte público coletivo a todos, não conseguimos ter serviços públicos perto de todos, ou polos de emprego. Por isso, precisamos fazer com que as pessoas transitem pelo território, para acessar tudo isso.
E a mobilidade dentro das cidades ganha suma importância, esse ir e vir tem que ser eficiente para que a cidade funcione. O que Barcelona tem – densidade demográfica, a mistura de atividades e uso do solo, o acesso ao transporte – são fatores essenciais para fazer com que a mobilidade a pé aconteça naturalmente, para que ela seja conveniente – e portanto competitiva com outros modais.
Para aumentar a caminhabilidade de nossas cidades, temos que conseguir reduzir distâncias, aproximar pessoas. E essa mudança, nos nossos planos diretores, nas leis de zoneamento, trazem uma série de outros benefícios também. Uma cidade mais compacta será mais eficiente para as diversas outras redes: podemos concentrar nossos investimentos em água, esgoto, transporte, em uma área menor.
Consequentemente, os longos deslocamentos, aqueles que são feitos por longas distâncias (o tipo periferia-centro) serão menos necessários. A minoria (não a maioria, como hoje) das pessoas precisará fazer esse tipo de trajeto, porque já estarão vivendo próximas aos seus locais de trabalho, escola, serviços. Com isso, economizamos também no consumo de energia necessário para fazer com que a mobilidade, o transporte de pessoas e produtos no território, aconteça.
“Uma cidade mais compacta – e portanto mais caminhável – é mais eficiente.”
Trabalho por cidades caminháveis para garantir às pessoas o direito de escolha: além do carro, todas as opções de deslocamento, a pé, bicicleta, transporte público, têm que ser viáveis e convenientes. Como sociedade nós construímos cidades que privilegiaram o carro; e isso temos que mudar. Porque apesar de parecer que as cidades “funcionam” com o carro (talvez para poucos) a verdade é que esse modelo é insustentável. O espaço é finito.
Temos que reconhecer que a priorização do transporte motorizado privado sobre o coletivo é evidente em todas as escalas. É evidente que investimos muito mais em manter o asfalto (e não a calçada), em construir os sistemas “inteligentes” para organizar o fluxo de veículos. A sinalização, a indicação dos locais, é feita para quem está no carro. As velocidades máximas permitidas, os tempos semafóricos, os raios de curvatura das esquinas, o posicionamento das faixas de pedestre (ou, mais triste ainda, a construção de passagens elevadas ou subterrâneas). Tudo está pensado para a fluidez do fluxo de veículos.
Mas quando planejamos cidades mais caminháveis, estamos invertendo essas prioridades. Quando temos cidades mais caminháveis, o carro deixa de ser essencial – porque temos escolha.
Acredito que existirão carros (ou algo assim) no futuro, mas eles serão usados por pessoas específicas, para ocasiões específicas. Não serão a regra, serão a exceção. E assim devem ser tratados pelas políticas públicas.
E adivinhem só? Quando os carros deixem de ser imprescindíveis, surgem outros benefícios a partir da mudança de deslocamentos motorizados para ativos: além do aumento da segurança viária e redução de mortes (que para mim já é um motivo suficiente para defender essa inversão de prioridades), redução de gastos pessoais e públicos, melhora na saúde por conta de redução de emissões e poluentes, mitigação de efeitos ligados a mudanças climáticas (aumento de temperatura, emissão CO2)…teremos também mais espaço para os outros meios de transporte, para a bicicleta, o ônibus, e o pedestre.
E a independência do carro abre espaço para ainda mais pedestres:, quanto mais seguras, saudáveis, confortáveis forem nossas ruas, incentivamos ainda mais o caminhar, em um ciclo sem fim.
“Hoje tudo está pensado para o fluxo de veículos. Quando invertemos as prioridades, valorizamos os outros meios de transporte.”
Ao longo dos últimos anos, e por todas essas e outras razões que citei antes, descobri que caminhar é o que me move – tanto o que me leva de um lugar ao outro, sempre que possível, quanto aquilo que me inspira, que me faz com que eu tenha vontade de levantar todos os dias para trabalhar na Cidade Ativa.
Mas uma outra coisa que encontrei, desde que fundamos a organização, foi que andar a pé move muita gente. Tive a sorte de conhecer muitos grupos – ativistas, técnicos, pesquisadores, gente de todo tipo – dedicados ao tema da mobilidade a pé. E, cada um deles, trazendo ainda outras razões para lutar por cidades mais caminháveis no futuro.
Pensando nisso, e buscando entender como poderíamos direcionar nossos esforços para contribuir com a causa, começamos um projeto há dois anos chamado Como Anda – feito em parceria com a organização Corrida Amiga, com apoio do Instituto Clima e Sociedade.
O Como Anda é hoje uma plataforma, um ponto de encontro das organizações que atuam sobre o tema no Brasil. Além de trabalhar para ajudar a pautar o tema e articular essa rede, o projeto se esforça muito em fortalecer as organizações. O site traz uma série de dados, entre eles os das próprias organizações. Elas preenchem um formulário que alimenta um gráfico interativo. Assim as organizações podem explorar essas informações para planejar suas ações e, quem sabe, se inspirar em outros grupos e encontrar parceiros.
Como Anda reconhece que Juntos somos mais fortes. E ele proporciona esse encontro. Um dos aspectos mais interessantes desse trabalho tem sido observar a diversidade de iniciativas organizadas por esses grupos – e identificar outras inúmeras razões que movem essas pessoas.
Por exemplo, duas organizações, Carona a Pé, em São Paulo, e Apezito, de Porto Alegre, se encontraram através do Como Anda. O que elas compartilham? Uma ideia, a de que crianças devem usar mais os espaços públicos, as ruas. Compartilham um jeito de fazer, ajudando essas crianças a irem a pé para a escola. Compartilham o ideal de cidades mais caminháveis. Mas, mais do que nada, compartilham um desejo de fazer as coisas de uma maneira diferente.
“São muitos os motivos para acreditar e lutar por cidades mais caminháveis. O que te move?”
Eu quero que minha filha possa ir a pé para a escola. Que ela possa ir a pé para o parque, para a faculdade, para o trabalho. Eu luto por isso todos os dias. Quero que ela continue tendo essa liberdade, esse direito de ir e vir, que está conquistando agora com seus primeiros passos. Isso me move.