Deslocamentos a pé são foco da Semana da Mobilidade 2020 na Cidade Ativa

25/09/2020 | por cidadeativa

Celebrada em setembro, a Semana da Mobilidade representa um espaço de destaque para debates, reflexões, ações e afirmação da pauta em prol da adequação e melhoria da mobilidade urbana. Sua origem está relacionada com o Dia Mundial Sem Carro, 22 de setembro, contexto ampliado ao longo da semana correspondente a tal data por muitas organizações ao redor do mundo. Em 2020, a Cidade Ativa organizou uma sequência de discussões fundamentais relacionados à mobilidade a pé: 

A MOBILIDADE A PÉ (post)

A semana da mobilidade é um espaço de discussão essencial para compartilharmos perspectivas e manifestos sobre cidades mais humanas, justas e saudáveis. Na Cidade Ativa, atuamos e lutamos para que as cidades sejam mais caminháveis. Para que todas e todos tenham segurança, conforto e prazer ao se deslocar a pé todos os dias. Questões que compartilhamos junto a outras organizações, profissionais, estudantes e cidadãos. A mobilidade a pé é o meio de deslocamento prioritário na cidade, como garante a Política Nacional de Mobilidade Urbana de 2012. Apesar disso, sabemos que a realidade ainda é de um cenário com infraestrutura precária, desigual e com grandes desafios para todas e todos que precisam ou escolhem se deslocar a pé. 

Nesses últimos meses, o contexto de restrição de circulação e proximidade física imposto pela pandemia da Covid-19 escancarou a necessidade de espaços mais adequados para a mobilidade a pé e em articulação com transportes públicos. A data para uma volta segura aos espaços públicos ainda é incerta, mas sabemos que o contexto torna ainda mais urgente a revisão na configuração e nas políticas urbanas das nossas cidades. 

Sugestões de leituras: 

 

DIA MUNDIAL SEM CARRO (post)

O Dia Mundial sem carro – 22/09 – é uma data comemorada ao redor do mundo. Emblemática, ela convida todas e todos nós a vislumbrarmos a possibilidade das nossas cidades terem seus espaços destinados essencialmente às pessoas. Convida a repensarmos nossos hábitos e estilo de vida, e a questionarmos o que podemos fazer diferente para termos cidades mais sustentáveis. Em um ano marcado por devastações ambientais e inúmeros outros retrocessos, reflitamos nosso papel como agentes de transformação social! 

Em São Paulo, a conquista da avenida mais emblemática da cidade aberta exclusivamente às pessoas é a imagem de uma cidade possível (@SampaPé! e @MinhaSampa). Estudos realizados sobre o impacto verde desta ação, que acontece apenas uma vez por semana, endossam a discussão para cidades que possam demandar menor uso de carros. 

Como é – e como poderia ser – a distribuição do espaço viário da sua cidade?

Sugestões de leituras: 

 

PROJETO COMO ANDA (post)

Desde 2016, o projeto Como Anda busca fortalecer o movimento pela mobilidade a pé no país. Desenvolvido em conjunto com a @corridaamiga e com apoio do Instituto Clima e Sociedade, a construção desse ponto de encontro busca defender cidades melhores para as pessoas que se deslocam e usufruem das cidades a pé: você, em algum momento do dia. 

Atualmente no Brasil, a presença de calçadas no entorno de domicílios é de apenas 69% — e ínfimos 4,7% das calçadas do país são acessíveis (IBGE, 2010). A cidade que temos limita nosso caminhar, restringe o nosso direito de experimentar o espaço a nossa volta. Recém lançada, a publicação “Andar a pé eu vou: caminhos para a defesa da causa no Brasil” reconhece as conquistas desse trabalho coletivo em torno do tema. É um documento que, através de casos reais, inspira, nos ajuda a entender o que pode ser aprimorado e a seguir em frente. A desvendar o cenário, lutar e cobrar por uma realidade diferente. Em ano eleitoral, reforçamos a importância das nossas escolhas políticas. De cobrar de candidatas e candidatos o compromisso com a mobilidade ativa. Estaremos atentas e atentos com a defesa da causa, e em breve, compartilharemos novidades sobre os próximos passos do projeto. 

Sugestões de leituras: 

 

MULHERES E MOBILIDADE A PÉ (post)

A mobilidade a pé, forma de deslocamento mais democrática e antiga, também é a que mais expõe caminhantes às condições dos espaços públicos. A necessidade de uma perspectiva de gênero no planejamento e políticas urbanas de mobilidade traz uma essencial discussão: o reconhecimento de que o espaço não é neutro e, por isso, deve ser pensado a partir de uma perspectiva mais ampla. A desconsideração de mulheres nos processos urbanos – como técnicas ou presença social – implicou em diferenças e diferentes graus de opressões vivenciados durante seus deslocamentos, muitas vezes representados como barreiras e restrições durante suas caminhadas.

As mulheres ainda são as principais responsáveis por atividades domésticas e de cuidado, fatores que influenciam na forma como se movem pela cidade, marcada por um padrão de deslocamento de múltiplas paradas, feitos especialmente a pé ou por combinação com transporte público. A qualidade do ambiente construído, como a condição das calçadas e iluminação pública, são alguns dos fatores indissociáveis da mobilidade de mulheres. 

A presença delas nesses espaços também traz questões que refletem na circulação segura na cidade, associadas à opressão de gênero como o medo e assédio sexual no espaço público. Para cidades mais justas, devemos lutar para que as políticas urbanas sejam repensadas a partir dessa perspectiva. 

Sugestões de leituras: 

 

AS CRIANÇAS E A CIDADE (post)

Pensar a cidade para a infância é algo que diz respeito a todos nós. É ter como centro das decisões de projeto e investimentos na cidade a família, em suas mais diversas composições.

Significa planejar para e com uma diversidade enorme de pessoas, de circunstâncias. A criança recém-nascida é muito diferente da criança de 6, ou de 12, 15 anos. É pensar na criança de colo e na mãe, e no direito que elas têm à amamentação. É pensar que para uma criança de um ano e meio, que está aprendendo a andar, cada pequeno buraco na calçada, cada degrau, pode ser um desafio. E que para as crianças maiores e adolescentes, cada passo revela a conquista de sua independência e autonomia.

Para concluir a semana da mobilidade, deixamos esse convite: vamos repensar nossas redes de mobilidade, nossos processos de planejamento, construção e gestão dos espaços e infraestruturas, a partir do ponto de vista da criança, do adolescente, e de suas famílias? Quando incluímos essa perspectiva, podemos perceber que, para uma criança – e para todos nós-, o trajeto pode ser, em si, nosso destino. Os tempos e motivos de deslocamento podem tomar outras dimensões, os espaços ganham outros sentidos. Sentidos de convivência, de troca, de brincadeira, de aprendizado.

Sugestões de leituras: