Como foi o CityLab 2016?
07/11/2016 | por cidadeativa
“Até onde eu sei, as ruas foram criadas para pessoas e cavalos, não para carros.”
Em seu discurso inicial durante o evento CityLab, que aconteceu em Miami este ano, o ex-prefeito de Nova Iorque Michael Bloomberg trouxe o tão debatido protagonismo dos veículos privados no planejamento das nossas cidades. Ele, que em sua gestão como prefeito implementou mudanças inspiradoras nas ruas da Big Apple, agora tem um programa de segurança viária através da sua fundação. A Bloomberg Philanthropies Initiative for Global Road Safety ajuda 10 cidades no mundo a implementarem políticas e projetos que visem aumentar a segurança das pessoas nas ruas. Entre elas estão Fortaleza e São Paulo, que já estão implementando algumas medidas com apoio do time de experts ligado à fundação, como o programa de redução de velocidades da capital paulista.
Bloomberg aproveitou também o evento para tratar da bola da vez da mobilidade urbana: os veículos autônomos. A General Motors, uma das patrocinadoras do evento, levou modelos de seus novos carros para o CityLab e o test drivepodia ser feito através de simuladores. Ainda incipiente no Brasil, a discussão acerca da evolução dos veículos para versões em que não são necessários motoristas foi calorosa: como deve ser o design do veículo, deve ou não trazer volantes?; ou quem será proprietário desses veículos, empresas privadas, pessoas, ou eles irão compor um novo sistema de transporte público?; e o que acontece com todo o espaço dedicado aos veículos que ocupam hoje as ruas: serão necessárias vagas de estacionamento, guias que separam a calçada do leito carroçável…? Para nós da Cidade Ativa, que estivemos lá em Miami para acompanhar o evento, o principal dilema em torno dos carros sem motoristas é: se aumentamos o acesso a este novo sistema, quais serão os incentivos para que pessoas escolham outros modais de transporte: a caminhada, a bicicleta ou o transporte público?
E as incertezas sobre o futuro das cidades não pararam por aí: a 4a edição do evento, organizado pelo Aspen Institute, The Atlantice Bloomberg Philanthropies trouxe inúmeros temas para as palestras, mesas redondas, sessões em formato workshop e visitas de campo que aconteceram durante os dois dias de evento em Miami. Mais de 400 participantes, entre prefeitos de várias cidades do mundo, acadêmicos, empreendedores, artistas, representantes de organizações sociais que estão hoje inovando em soluções para as cidades discutiram temas como saúde proliferação da Zika e outras doenças transmitidas pelo Aedes Aegypti; violência urbana; gentrificação e acesso à moradia; modernização de infraestrutura de fornecimento de água nas cidades; resiliência e aumento do nível do mar; entre outros.
Durante as sessões paralelas, foram debatidos temas específicos e os organizadores propuseram também atividades práticas para os participantes. Em uma delas, discutimos formas de incentivar a prática de atividade física na cidade com Amanda Burden, ex-secretária de Planejamento de Nova Iorque, Elisabeth Plater-Zyberk, da DPZ e José Szapocsnik, da University of Miami. Em outro workshop, fomos convidados a desenhar campanhas, ou maneiras de promover a mudança de comportamento de cidadãos utilizando um jogo de baralho baseado na teoria desenvolvida pela equipe da empresa social britânica Behavioural Insights Team. Durante um café da manhã, pudemos explorar ferramentas de participação e discutimos ideias para engajamento de cidadãos em projetos pelo mundo com representantes da AARP e com outros participantes da atividade, que representavam diversos tipos de organização. E, por fim, no último dia do encontro, colocamo a mão na massa na dinâmica para criar protótipos de soluções para projetos e programas desenvolvidos para as cidades como forma de reduzir riscos de implementação e maximizar os ganhos com o processo, com o time o Innovation Teamsda Bloomberg Philantropies.