A transformação de espaços públicos é tema de debate em encontro sobre cidades saudáveis organizado pela OPAS/OMS
19/11/2024 | por cidadeativa
Nos dias 24 e 25 de outubro de 2024 aconteceu em Cusco, Peru, o VII Encuentro Internacional de Alcaldes y Alcaldesas por Municipios Saludables de las Américas. O evento, organizado pela Prefeitura de San Sebastián em colaboração com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS), o Governo Regional de Cusco e o Ministério da Saúde, reuniu autoridades de diversas cidades e especialistas em saúde pública com um objetivo claro: aprofundar o compromisso dos governos locais com o bem-estar de suas comunidades.
Gabriela Callejas, da Cidade Ativa, foi convidada a participar da sessão “Experiências locais de espaços públicos saudáveis” ao lado de Germán Ricardo Camacho Barrera, Prefeito de Paipa, Colômbia; Carlos Canales Anchorena, Prefeito de Miraflores, Peru; e Nilton José Hirota da Silva, Prefeito de Registro-SP, que foi convidado a apresentar o projeto de expansão da rede cicloviária e criação do Boulevard Beira Rio, realizados no âmbito da iniciativa Mobilidade em Transformação.
Gabriela lembrou que, historicamente, o urbanismo sempre teve um papel fundamental na promoção da saúde. Na virada do século XX, o foco era combater doenças infecciosas através de medidas como a instalação de sistemas de água e esgoto, a abertura de ruas, criação de parques e desenvolvimento de normas para garantir ventilação e iluminação adequadas nas edificações. Hoje, enfrentamos ainda outros desafios, como a incidência de doenças crônicas, as mortes no trânsito, e os efeitos das mudanças climáticas. A transformação de ruas e espaços públicos continua tendo um papel fundamental na promoção da qualidade de vida nas cidades.
Nesse contexto, Gabriela destacou as ações de “urbanismo tático” como uma alternativa ao “urbanismo convencional”, de grandes obras de infraestrutura, em contextos de recursos limitados. Ela explicou que, na Cidade Ativa, adotamos uma abordagem complexa e multifatorial que revela diferentes matizes entre as ações temporárias e permanentes, permitindo que possam ser calibradas tanto em função de condicionantes locais quanto recursos disponíveis.
“O urbanismo tático revela a necessidade de conduzir a transformação das cidades de forma colaborativa e incremental – um processo que combina diversos tipos de ações ao longo do tempo. Por isso, é fundamental coletar dados e medir o impacto de ações para sua consolidação.”
As informações coletadas ao longo dessas experiências ajudam a estimar e medir seus impactos, revelando potenciais ajustes de projeto. Também, esses dados podem sustentar a institucionalização de políticas que permitam dar escala e continuidade a esses esforços. Gabriela lembrou ainda que, quando comunicados de forma eficaz, embasam a formação da opinião pública.
Ao final da sessão, os participantes chegaram à mesma conclusão: a criação de espaços públicos seguros e inclusivos, que visem contribuir na promoção de equidade, precisam partir de alianças entre diferentes setores – incluindo a academia, o setor privado e a sociedade civil – e incluir metodologias participativas que integrem perspectivas diversas nesse processo de co-construção.
O evento aconteceu como parte de ações realizadas pelo Movimento de Municípios, Cidades e Comunidades Saudáveis (MCCS) das Américas, uma plataforma regional de governos locais, composta por cidades, municípios, comunidades e associações. Liderado por prefeitas e prefeitos, o Movimento visa implementar iniciativas de saúde no nível local, promovendo alianças estratégicas para o bem-estar e a equidade com base em valores de saúde universal, justiça social, igualdade de gênero, inclusão e desenvolvimento sustentável.
Para saber mais, acesse: https://www.paho.org/es/movimiento-municipios-ciudades-comunidades-saludables