Movimento em toda parte: Cidade Ativa na SIEMS 2016

08/12/2016 | por cidadeativa

Entre os dias 30/11 e 02/12 ocorreu no Museu de Arte do Rio de Janeiro (MAR) a  IV Semana Internacional do Esporte pela Mudança Social (SIEMS), evento realizado pela Rede Esporte pela Mudança Social (REMS) em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e a Cooperação Alemã, por meio da Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ).

Crédito: REMS – Rede Esporte pela Mudança Social

A Cidade Ativa participou no dia 04/12 do Painel Movimento em toda parte, debatendo a integração da prática de atividade física ao dia a dia das pessoas. O Painel contou com a mediação do Prof. Dr. Reinaldo Pacheco (EACH-USP), Juliana Soares (PNUD), Monica Zagallo (Gol de Letra) e Ramiro Levy (Cidade Ativa).

O mediador iniciou o painel abordando a relação da atividade física com os espaços públicos e como a questão do direito à cidade é importante para pensarmos como pano de fundo das mudanças que vem ocorrendo em nossas cidades. Nos últimos anos surgiram muitos movimentos da sociedade civil organizada buscando entender e trabalhar com estas questões, assim como inúmeras iniciativas espontâneas que vem ocupando os espaços públicos com atividades artísticas e esportivas, não só nos parques urbanos (que sempre foram local de esporte e lazer) mas também nas praças e nas ruas.

As questões que ficam são: como estamos formando pessoas para usar e conviver nestes espaços? Qual o papel do poder públicos e do terceiro setor? E como transformamos iniciativas independentes de sucesso em política pública?

Começando pela representante do PNUD, Juliana Soares apresentou alguns resultados do Projeto “Escolas e Comunidades Ativas” desenvolvida pelo PNUD junto com diversos parceiros desde 2014 com crianças entre 6 e 12 anos de idade em escolas públicas do Rio de Janeiro.

Uma das motivações deste projeto é a constatação da Organização Mundial da Saúde (OMS) de que somente 30% da população é fisicamente ativa e entre mulheres esse número é ainda mais baixo. Entre os alunos, quase 57% deles podem ser considerados inativos, considerando que o mínimo recomendável é de 60min/dia de atividade física para crianças e adolescentes entre 5 e 17 anos (1).

O objetivo do projeto é modificar as formas de aprendizagem na sala de aula (escolas ativas) e antes e depois das aulas (comunidades ativas), trazendo a visão da atividade física como fator de desenvolvimento humano e combatendo possíveis agravamentos do sedentarismo, como obesidade e diabetes.

O trabalho nas escolas é focado na formação e acompanhamento dos professores (voluntários) que utilizam de novas ferramentas pedagógicas como conteúdo curricular aliado a atividade física (aulas ativas de 20-30min) e pausas estratégicas ao longo das aulas para direcionar e revigorar a concentração através de brincadeiras (energizadores de 5-15min).

A metodologia revisada a partir desta primeira experiência será em breve disponibilizada para o público. O PNUD está buscando através disso a cooperação de outras entidades para ampliar o alcance da iniciativa e também a disseminação do conhecimento para que a população em geral saiba mais a respeito dos benefícios da atividade física para o aprendizado e o desenvolvimento psicomotor.

Crédito: REMS – Rede Esporte pela Mudança Social

Na sequência Ramiro Levy fez uma explanação sobre como atua a Cidade Ativa, buscando transformar os espaços construídos (cidades e edifícios) e influenciar os hábitos das pessoas, assim como disseminar e formar as pessoas para que possam entender, interagir e modificar os espaços em que vivem.

Foram apresentados exemplos de como nossas cidades carecem de qualidade urbanística e nos induzem a optar por meios menos saudáveis de nos deslocar para a escola ou o trabalho, como no caso de bairros de condomínios fechados ou conjuntos habitacionais longe dos locais de trabalho que demandam grandes deslocamentos em transporte público ou em veículos particulares, ao passo que uma cidade mais compacta e com melhor qualidade para o deslocamento de pessoas e bicicletas proporciona uma maior qualidade de vida.

Por fim, Monica Zagallo apresentou o trabalho que o Gol de Letravem realizando desde 1998 com enfoque na promoção de acesso ao esporte na infância e juventude e na interação social, tendo capacitado ao todo mais de 340 profissionais e atendido mais de 10 mil crianças e jovens em todo o país.

Na sua explanação foram utilizados vídeos das ações realizadas e também divulgado o lançamento do Livro “Esporte em Comunidades – disseminação Gol de Letra” que resumo o trabalho realizada e a metodologia Gol de Letra na busca pelo desenvolvimento integral do indivíduo e garantia de acesso aos direitos básicos estabelecidos no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), como por exemplo a saúde, a educação, ao esporte e ao lazer, entre outros.

Encerradas as apresentações o painel abriu para perguntas da plateia e foram debatidos principalmente o entendimento do que é mudança social para cada um dos participantes. No tempo reduzido para debate e contexto das apresentações realizadas, para a Cidade Ativa a mudança social pode ser entendida como o direito e opção de escolhas mais saudáveis para realização de seus deslocamentos e atividades diárias, proporcionadas por cidades que sejam mais inclusivas, resilientes e saudáveis.

(1)    Global Strategy on Diet, Physical Activity and Health / World Health Organization (WHO), 2010: http://www.who.int/dietphysicalactivity/factsheet_young_people/en/