“Como arquitetos urbanistas podem transformar espaços e pessoas?” foi tema de palestra na Unip Jundiaí

20/11/2017 | por cidadeativa

No dia 28/10/2017, à convite da professora Carolina Lima, a equipe da Cidade Ativa realizou uma palestra na  na Jornada de Arquitetura da Unip Jundiaí. O objetivo foi expor possibilidades e refletir sobre como podemos transformar espaços e transformar pessoas a partir da nossa formação técnica. A atividade envolveu mais de 40 estudantes de diversos períodos do curso de Arquitetura e Urbanismo.

Ramiro Levy e Mariana Wandarti, representando a Cidade Ativa, iniciaram a abordagem  a partir do questionamento que inspira a organização: como podemos fazer com que nossas cidades sejam mais inclusivas, resilientes e saudáveis?

Com isso, foram apresentados conceitos relacionando o desenho das nossas cidades à saúde pública, meio ambiente, economia local e fatores sociais. Todos esses aspectos são influenciados diretamente pela maneira como nos deslocamos pela cidade e quais hábitos de vida escolhemos adotar.

As linhas de atuação e iniciativas da Cidade Ativa se apoiam nesses fatores e buscam transformar paisagens – através da transformação do espaço físico – e também transformar pessoas – através da disseminação de conhecimento e incentivos para adotarem hábitos de vida mais saudáveis e ativos – com forte viés na promoção da mobilidade ativa e, principalmente, da mobilidade a pé como meio de deslocamento e lazer nas nossas cidades.


Cidade Ativa instigou reflexões com os alunos sobre o desenho da cidade e questões de mobilidade urbana.
Crédito: Cidade Ativa

A discussão também teve espaço para atividade prática: os alunos foram convidados a responder um questionário online sobre 4 principais pontos relacionados à percepção deles da cidade e do campus Unip Jundiaí. As questões abordavam aspectos como a forma de deslocamento utilizada para ir à  universidade; caracterização e avaliação qualitativa do entorno da UNIP Jundiaí e avaliação do campus da UNIP Jundiaí. Esta atividade buscou apresentar a importância da coleta de dados na identificação de problemas e oportunidades, bem como na argumentação técnica das propostas de transformação para o local. O uso de pesquisas amplia o leque de ferramentas disponíveis aos alunos para o desenvolvimento de trabalhos ao longo do curso e também na sua futura atuação profissional.

Para a atividade utilizou-se a ferramenta online do google forms, que permite submeter respostas e  a visualização gráfica imediata das respostas obtidas.

A motivação para realizar tal prática foi a análise prévia do local que o campus da Unip Jundiaí está inserido e a disposição dos espaços ao redor. Foi constatado que há aproximadamente 1.100 vagas destinadas ao estacionamento de veículos e apenas 16 bancos e 8 mesas destinadas à atividades de permanência e convivência na área externa da universidade.


Entrada principal da Unip Jundiaí conta com aproximadamente 1.100 vagas para estacionamento de veículos.
Crédito: Google Street View

Aproximadamente 40 alunos e alunas participaram da atividade.  Os resultados do questionário aplicado abrangeu os seguintes temas:

+ FORMAS DE DESLOCAMENTO

Quase 33% dos alunos utilizam o automóvel particular e 24% a van  como meio principal de transporte contra 21% que utilizam ônibus, 5% de bicicleta e 2% a pé. Ao serem questionados, os presentes argumentaram que as linhas de ônibus não atendem todos os locais necessários e que as vias do entorno não oferecem segurança para aqueles que se deslocam pelo modo ativo, pois não tem controle de velocidade ou travessias em quantidade suficiente. Além disso, o tempo de deslocamento também é um fator que influencia o meio de transporte adotado: 40% dos alunos demoram em média de 30 a 60 minutos para chegarem até a universidade e 30% em média de 15 a 30 minutos, sendo que 42% desses que demoram menos tempo utilizam o carro.

Em relação à vantagem pelo meio escolhido a maioria se dá pelo menor tempo de deslocamento, custo e praticidade, representando 92% daqueles que optaram pelo automóvel particular ou van e 88% daqueles que se deslocam de ônibus. Já quando questionados sobre a desvantagem: 63% dos que se deslocam de veículo particular acreditam que o custo é um fator de desvantagem e 40% que optaram por a pé, bicicleta ou ônibus acreditam que a infraestrutura está inadequada (calçadas, estacionamento e pontos de ônibus).

+ ENTORNO DA UNIP

As perguntas desta etapa foram direcionadas especificamente para as calçadas e vias de acesso da Unip e principais usos do entorno, 51% dos alunos acreditam que as calçadas estão ruins ou péssimas, somente 16% dos alunos as consideram boas, sendo que 67% desses que responderam como “boas” utilizam veículo particular (carro ou van). Em relação aos usos do entorno, constatou-se que o bairro é  predominantemente residencial, representando 70% das respostas. Composto principalmente por loteamentos fechados, apresenta poucas opções de comércio e serviços para os estudantes da universidade e nenhuma opção de lazer nas proximidades.

+ CAMPUS DA UNIP

Iniciada a sessão com a questão “O espaço destinado à convivência e lazer no campus é suficiente?”, 71% dos alunos acreditam que os espaços não são adequados ou suficientes para atividades no campus, sendo destacados aspectos como falta de árvores e falta de equipamentos que ofereçam suporte para atividades de permanência. Apesar do espaço amplo, não há incentivos para que ocorram atividades permanentes no local.

+ DISCUSSÃO DE PROPOSTAS

Muitos alunos gostariam de se deslocar de maneira diferente, trocando o seu principal meio meio de deslocamento atual pela bicicleta (27%), ônibus (19%) ou a pé (14%). De todas as respostas, 58% representam aqueles que se deslocam atualmente de carro ou van e que os fatores determinantes que fariam com que mudassem seria melhorar a infraestrutura do entorno e do próprio campus (calçadas, bicicletários), maior acesso ao transporte público ou morar mais próximo da universidade.

A partir da discussão baseada no grande espaço do campus destinado ao estacionamento de veículos, foram apresentados exemplos de como esses locais poderiam ser transformados através de intervenções simples e de baixo custo. Os principais exemplos mostrados foram de parklets e  intervenções como o  Centro Aberto.

Ao questionar os presentes sobre algumas melhorias que poderiam ser promovidas pela Unip, destacam-se:ações que possam promover uma maior variedade de usos, como por exemplo a instalação de bancos e mesas nos espaços de lazer, bicicletário, transformação do espaço do estacionamento, plantio de árvores entre outros. A ativação de espaços através da promoção de atividades e eventos para ocupação dos espaços e uma maior priorização para circulação para pedestres e ciclistas também foi muito citada como alternativa para melhorar o uso do espaço externo do campus.

Há grande diferença de espaços destinados à pedestres e atividades de convivência e estacionamento de veículos no campus Unip Jundiaí.
Crédito: Street View

Por fim, a prática da atividade instigou os estudantes para novos olhares e percepções, não somente sobre o espaço do campus, mas sobre a cidade, sobre a maneira com que nos relacionamos com as pessoas, as formas de nos deslocarmos, do papel da atuação profissional de arquitetos e urbanistas e também como cidadãos comuns.