A sua cidade cuida de você?

12/08/2015 | por cidadeativa

Como é a sua rua? Dá vontade de caminhar na calçada? Você se sentiria seguro andando de bicicleta por ela?

Sabe essa sensação de que o seu dia poderia ser melhor aproveitado? Se você não está fazendo tanto exercício quanto gostaria, saiba que a preguicinha não é a única responsável. Talvez você ainda não tenha percebido, mas a forma da sua cidade também tem grande influência sobre seus hábitos.

Comece analisando seu bairro. Você pode ir ao trabalho de bicicleta ou de transporte público? Dá pra ir à pé à padaria ou você precisa pegar o carro? Há algum parque perto da sua casa onde você possa se exercitar com os amigos?

A forma da cidade em que vivemos influencia diretamente nosso estilo de vida. Funciona assim: o planejamento urbano determina a localização das áreas residenciais e comerciais, onde está o trabalho; se existem serviços perto de onde moramos, como escolas e outros equipamentos; se todos temos acesso a transporte público ou se há uma ciclovia na porta de casa.

O problema é que nas últimas décadas as cidades brasileiras viveram um surto de urbanização que promoveu um crescimento desordenado, sem um planejamento voltado para as pessoas. O resultado foram centros urbanos focados no transporte individual, a proliferação de bairros exclusivamente residenciais e condomínios fechados, murados e distantes dos centros de trabalho, e um descaso em relação à criação de parques, praças e áreas de recreação.

E esse planejamento pensado para carros faz com que as ruas fiquem vazias, o que estimula a criminalidade e leva os moradores a se isolarem e se desinteressarem pelo local onde vivem. No final dessa história, nos vemos forçados a usar automóveis e, com medo de ocupar o espaço público, nos restam poucas oportunidades de fazer atividade física no dia-a-dia. Por isso, ficamos mais propensos a ganhar peso ou a desenvolver diabetes, doenças cardiovasculares ou mesmo cânceres.

Crédito: Cidade Ativa

Os números estão aí para comprovar isso. Segundo dados do Ministério da Saúde, hoje metade dos brasileiros têm sobrepeso. Se compararmos aos resultados de uma pesquisa feita pelo IBGE, em 1975, quando as grandes cidades brasileiras começaram a crescer, a diferença é gritante: na época, em torno de 20% da população estava acima do peso*.

Mas calma, nem tudo está perdido! Um movimento chamado Active Design, que nasceu nos Estados Unidos e está chegando ao Brasil através da nossa organização, a Cidade Ativa, pretende reverter este quadro e promover um estilo de vida ativo através da mudança das nossas cidades.

Como? O raciocínio é simples. Se no início do século 20 as doenças infecciosas foram combatidas por reformas urbanas que garantiram infraestrutura de saneamento, maior ventilação e insolação de edifícios, as doenças não transmissíveis também podem ser prevenidas e controladas por um novo modelo de planejamento, de desenho urbano e de arquitetura.

E é isso que vamos debater aqui neste blog! Nos próximos posts, vamos te convidar a pensar sobre calçadas, ciclovias e até mesmo legislação urbanística e requalificação de espaços públicos.

Enquanto nossa próxima reflexão não vem, entre na discussão e converse com a gente nos comentários! Como é a rua da sua casa? Dá vontade de andar na calçada? Você se sentiria seguro andando de bicicleta por ela? Preste atenção e perceba se o desenho da sua cidade estimula uma vida mais ativa. Enxergar as opções ao seu redor pode ser um primeiro passo muito importante!

*dados ENDEF 1974-1975 e Vigitel 2014.

*Texto originalmente publicado no blog  Cidade Ativa do Portal Mobilize.